quarta-feira, 31 de março de 2010

Alice cai

 
“Este livro é doido. Isto é: o sentido dele está em ti.” Paulo Mendes Campos

 

 
Vídeo criado apartir do trabalho dos alunos da oficina de colagem, ministrada por Adriana Peliano no Instituto Europeu de Design, em maio de 2010.
 
As Alices de Lewis Carroll ainda são um grande desafio. Paradoxo, nonsense, labirinto de sonhos. Como num grande jogo, a proposta da oficina “Quem é Alice?” é a recriação da imagem de Alice através de colagens, um procedimento poético efetuado com elementos extraídos de desenhos impressos em livros, revistas e jornais, fotografias, imagens de propaganda e retalhos visuais. O caráter enigmático e o nonsense dos sonhos de Alice encontram na colagem um terreno propício, numa lógica que aponta para outro sentido, que deve ser buscado entre fragmentos e associações inesperadas. Escolhemos a colagem como um exercício de produção de novas linguagens, em que Alice no país das Maravilhas e Alice através do Espelho sejam convites para novas viagens. Cada viajante selecionou imagens diversas para serem trabalhadas e recriadas plasticamente, extrapolando as características puramente ilustrativas e descritivas do texto e dos personagens da estória, buscando uma configuração múltipla, híbrida e metamórfica, numa proposta de exploração dos territórios de Alice segundo os repertórios subjetivos e afetivos de cada um. Quando Alice viu a Casa do Espelho através do espelho de sua própria casa, percebeu que aquele mundo era muito parecido com o nosso até onde se podia ver, só que adiante, pensou ela, tudo podia ser completamente diferente. Cada um dos artistas dessa exposição criou também a sua Anti Alice que vive do outro lado do espelho, onde tudo pode ser completamente diferente. Cada um se aventurou nesse mundo doido de Alice, buscando aquela Alice que do outro lado do espelho sempre nos pergunta: Quem é você?

domingo, 28 de março de 2010

Oficina OTTO: Quem é Alice para você? 27/03

Mais uma oficina de colagem no Bistrot OTTO com resultados incríveis! 
 
Letícia
 
Raquel Poli
 
Sandra Garcia
 
Tábata Gerbasi
 
Aline Izabel
 
Patrícia Slaviscki
 
Victor Veras

sexta-feira, 12 de março de 2010

OFICINA CRIATIVA: Quem é Alice para você?

“A Lagarta e Alice olharam-se uma para outra por algum tempo em silêncio: por fim, a Lagarta tirou o narguilé da boca, e dirigiu-se à menina com uma voz lânguida, sonolenta.
“Quem é você?”, perguntou a Lagarta. Não era uma maneira encorajadora de iniciar uma conversa. Alice retrucou, bastante timidamente: “Eu - eu não sei muito bem, Senhora, no presente momento - pelo menos eu sei quem eu era quando levantei esta manhã, mas acho que tenho mudado muitas vezes desde então.” 
Alice no Pais das Maravilhas 
 
 
Quem é Alice? Quem é você? 
 
 
 
Alice no país das Maravilhas (1865) de Lewis Carroll é um grande desafio. Paradoxos, nonsense, labirinto de sonhos. Como num grande jogo, a proposta da oficina é a recriação do personagem Alice de Alice no País das Maravilhas através de técnicas de colagem, um procedimento poético efetuado com elementos extraídos de desenhos impressos em livros, revistas e jornais, fotografias, imagens de propaganda e retalhos visuais. O caráter enigmático e o nonsense do sonho de Alice encontra na colagem um terreno propício, numa lógica que aponta para outro sentido, que deve ser buscado entre fragmentos e associações inesperadas. Inicialmente haverá uma breve apresentação de algumas imagens de Alice, segundo ilustradores e artistas de diferentes épocas e linguagens. Cada participante seleciona então imagens diversas para serem trabalhadas e recriadas plasticamente, extrapolando as características puramente ilustrativas e descritivas do personagem, buscando uma configuração múltipla, híbrida e metamorfica, numa proposta de exploração do sentido do personagem segundo os repertórios pessoais e afetivos. A colagem no surrealismo teve expressão máxima na obra de Max Ernst, que desenvolveu a concepção surrealista da collage a partir da famosa imagem de Lautréamont do encontro de um guarda chuva e uma máquina de costura sobre uma mesa de dissecação, como o “acoplamento de duas realidades aparentemente inacopláveis sobre um plano que aparentemente não lhes convém.” Ocorre que o artista reconfigura o objeto em uma nova realidade, segundo Max Ernst, “para transformar em dramas reveladores dos seus mais secretos desejos o que antes não passava de vulgares páginas de publicidade.” Escolhemos a colagem como um exercício de produção de novos sentidos, em que Alice no Pais das Maravilhas seja um convite para novas viagens. É importante que os participantes já tenham algum contato prévio com a obra e tragam imagens pessoais que relacionem com o livro para serem retrabalhadas plasticamente.  
 
“Agora, que chegaste à idade avançada de quinze anos, Maria da Graça, eu te dou este livro: Alice no País das Maravilhas. Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti.” Paulo Mendes Campos

domingo, 7 de março de 2010

Oficina OTTO: Quem é Alice para você?

Esse é o resultado da oficina que dei no bistrot OTTO no sábado, dia 06/03, com apoio da loja de garimpos Freddiegrace. Agradeço a todos pela oportunidade. A oficina será dada de novo dia 27 de março. Entrem em contato pelo email: alicemaravilha@gmail.com
Quem é Alice para você? era a pergunta que devia ser respondida através de uma colagem, que por sua estrutura fragmentada e múltipla, aponta para uma identidade em fluxo e transformação. Alice não sabe mais quem é depois de ter se transformado tantas vezes naquele dia. Também nos sentimos assim no mundo contemporâneo.
 
Para dar suporte teórico e imagético para o trabalho, mostrei inicialmente uma amplo repertório de imagens sobre Alice na arte e na ilustração, da Inglaterra vitoriana aos nossos dias.
Boa viagem...
 
 
Rafael Farina
 
"Antes:
Durante muito tempo eu confundia, misturava Alice com o mágico de Oz. Acho que devido ao fato de ambas as estórias terem duas meninas buscando respostas infinitas em um mundo paralelo.
Não sei ao certo quem é Alice ou o que ela de fato representa para mim. Mas acho que a capacidade de gerar cada vez mais perguntas ao invés de ficar buscando respostas talvez seja o maior legado que a menina tenha deixado para mim.
Depois:
Minha idéia foi transportar Alice para o Brasil. Para começar, ela não seria uma menina ingênua. Seria uma cachorra siliconada em busca de 5 minutos de fama.
No lugar do chapeleiro, toparia com o Sílvio Santos. Não veria lagarta nenhuma, mas um bando de pássaros exóticos e um estilista de moda frenético por lançar sua nova coleção, contando os segundos do relógio. E, com certeza, não seria decapitada, mas vítima de uma inocente bala perdida."
 
 
Paulo Beto
 
"Alice para mim é você."
 
Juliana Rodrigues
 
"A contração do que é real para o imaginário. Mas para não ficarmos apenas no país da imaginação é necessário concentração."
 
 
Daniel Ortiz
 
"Alice desperta reações e as interpreta de acordo com suas fraquezas e complexos, quando na verdade ela surge como o sol no país das maravilhas iluminando as imperfeições dos seus habitantes."
 
 
Anabel Brito
 
"Alice é um ser e uma obra original que permite nos relacionar pessoalmente de diferentes formas."
 
Mariana Nobre
 
"Antes:
Minha Alice é uma moça, que mora sozinha, em uma cidade que não é a dela e que persegue um coelho, com o qual ela se identifica totalmente, por que ele está sempre atrasado nesse mundaréu que é São Paulo. Ela não sabe bem o que procura, se sente grande e pequenininha, se engasga em seu próprio sonho, ou nas frustrações, que viram lágrimas, de vez em quando.
 
Depois:
Minha Alice se manteve desesperada, apressada, mas agora não se debulhou em lágrimas. Encontrou Bosch e seu jardim hedonista, cheio de lagartas sedutoras. Dessa forma, Alice cresceu, mas os pesadelos também. Alice sonha com o coelho buzinando em sua orelha, lembrando-na que ela está, mais uma vez, atrasada. A paulista é o fundo desta colagem não por acaso. Este é o epicentro de sua epopéia. Seu "marco zero" e seu sonho, junto com os preedios do seu mundo idealizado."
 
João Viana
 
Quando penso em Alice, me deparo com vários adjetivos: curiosa, viva, apressada. Alice parece não ter tempo de olhar para tudo que pode ser observado. Há muitas coisas para se conhecer. E há poucas respostas para tantas perguntas. Há muitas coisas estranhas que não conseguimos compreender. Por isso elas são estranhas. Mas o estranho é amigo de Alice. Para ela não há como retroceder. There is no turning back. E ela continua sempre.
 

quinta-feira, 4 de março de 2010

Alicidade (Alicity)

"Siga o coelho. Escorregue pela fresta de uma esquina urbana, suba as escadas e descubra uma nova Alice-Maravilha." 

 

Num prédio estranho no centro de São Paulo, escuro e labiríntico como um filme de David Lynch, aconteceu a esposição ALICIDADE, de 19 a 27 de Maio de 2010. Oito artistas transformaram o espaço através da street art, colagens, pinturas e fotos. Lunkie, Adriana Peliano, Celinha Fink, Luiz Zonzini, Yves Tadeu e Pita, Frederico Pellachin e Satansmothers, revelaram ali novas alicidades. A exposição teve curadoria de Fabiana Caso e Laurence Trille. As possibilidades abertas pelo mundo da colagem e da street art maracaram os jogos de linguagem que os visitantes da exposição foram convidados a participar. Desenhos, palavras, rabiscos, rasuras, interferências, deslocamentos e diálogos entre rasgos e traços marcaram os fragmentos de Alice deslocados no espaço, num jogo de improváveis conexões e associações inusitadas. O cadáver delicado é um jogo surrealista inventado na década de 20 do século passado. O jogo podia ser realizado através de textos, desenhos ou colagens e consistia numa criação coletiva em que cada participante inseria um novo elemento numa composição em processo, em geral sem enxergar o que havia sido adicionado antes. Esse é um exercício de descondicionamento da percepção e um desafio à criação de novos mundos.

 

Alicitis são contaminações de linguagem, transcriações coletivas, jogos esquisitos, corpos desmembrados e reconfigurados em perversos palimpsestos. Uma caixa de supresas, estranhas diversões.
 
Veja mais sobre o jogo dos cadáveres delicados AQUI
 
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